segunda-feira, 17 de março de 2008

PACIÊNCIA

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados...
Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão
rara hoje em dia.

Por muito pouco, a madame que parece uma 'lady', solta
palavrões e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras
do cais'...
E o bem comportado executivo?
O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito,
que ele mesmo ajuda a tumultuar...

Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é
um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça,
a esposa virou uma chata, o marido uma 'mala sem alça'.
Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma
tortura, a escola uma chatice.

O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou
novela.
Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele, pela internet,
estava demorando a dar o saldo,
eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...

Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e
ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.

Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência,
sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.

A paciência está em falta no mercado e, pelo jeito,
a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.

Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais',
onde ele quer chegar, qual é a finalidade de sua vida?
Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.
E você?
Onde você quer chegar?
Está correndo tanto para quê?
Por quem?
Seu coração vai agüentar?
Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo
vai parar?
A empresa que você trabalha vai acabar?
As pessoas que você ama vão parar?
Será que você conseguiu ler até aqui?

Respire... Acalme-se...

O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza,
no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem
a sua paciência...


Arnaldo Jabor

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